ENOLOGIA SEGREDOS E OS SABERES
O Vinho do Porto é muito mais do que um vinho licoroso produzido a partir de uvas. É um vinho caraterístico de uma região única no mundo, feito a partir de uvas provenientes de castas nativas. Desde sempre, o trabalho do Homem foi acrescentando segredos e saberes que são passados de geração em geração, em famílias ricas em história e tradição. É um vinho “daqui”, e é um vinho sem igual – em estilos, aromas e sabores absolutamente irresistíveis.
As Castas: A dureza dos solos e os rigores do clima, com invernos rigorosos e verões abrasadores, fazem com que a maioria das castas seja tradicional e nativa da região, e por isso raramente encontrada noutros lugares. As mais conhecidas castas tintas são a Touriga Nacional, a Tinta Roriz, a Tinta Barroca, a Tinta Amarela, a Tinta Cão e Touriga Francesa, em mais de trinta variedades, que contribuem para a longevidade das vinhas, e permitem mostos mais concentrados de açúcar e cor.
A VINIFICAÇÃO
Após as vindimas, que têm lugar no fim do verão, as uvas são transportadas para a adega, onde se procede ao desengace mais ou menos completo, antes de serem colocadas nos lagares, para serem esmagadas. O processo mais tradicional, conhecido por pisa, é feito por homens, num ritual cheio dehistória e tradição. Hoje em dia, apesar de existirem inovadores sistemas de extração mecânicos, que coexistem com o sistema tradicional, a imagem da pisa feita por homens alinhados ombro-a-ombro pisando as uvas com os pés continua a ter uma enorme importância – afinal, é um ritual emocionante, repleto de simbologia e com uma identidade ancestral.
Dá-se depois início ao processo de fermentação e maceração que, por o vinho do Porto ser um vinho licoroso, deve ser muito curto (de 2 a 3 dias). À medida que o vinho em fermentação é transferido para cubas, vai-lhe sendo adicionada aguardente vínica, que deve respeitar as regras da tradição e práticas de cada casa, essenciais para a obtenção de um vinho de alta qualidade. O Instituto do Vinho do Porto tem um papel importante de garantia de qualidade, executando um rigoroso controlo sobre todo o processo de adição de aguardente vínica (conhecido como o benefício). Para tal, são levadas a cabo análises laboratoriais e sensoriais. O vinho permanece assim, normalmente até à primavera do ano seguinte, antes de ser colocado em cascos ou tonéis, dando-se assim início ao processo de envelhecimento. Este é próprio de cada estilo, e tem em conta a qualidade do vinho depois de avaliado. A escolha do recipiente no qual o vinho envelhece é também determinante para o estilo de vinho do Porto que essa vindima gera.